3.12.12

O imparável despovoamento do interior I (distrito de Castelo Branco)

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Os resultados definitivos do censo de 2011 revelam que na última década o distrito de Castelo Branco voltou a perder população (que já não chega a 200 mil habitantes). Neste distrito do interior, o envelhecimento da população continua imparável (voltou a diminuir o número de crianças e de jovens e a aumentar o número de idosos) e o número de habitantes em idade ativa continua a regredir.
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Na última década, a evolução demográfica no distrito de Castelo Branco continuou a divergir da evolução demográfica geral do país (como se sabe, a população residente em Portugal aumentou na última década).
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Entre 2001 e 2011, a população cresceu em dois dos onze concelhos do distrito - um crescimento quase insignificante, no entanto. A anomalia é o caso de Vila de Rei, com mais 98 habitantes em 2011 do que em 2001 – aumento a que não será alheia a conhecida política de incentivo municipal à fixação de habitantes. O outro caso é o de Castelo Branco: confirmando a tendência das últimas décadas, de migração para as maiores cidades do interior a partir dos concelhos vizinhos, o concelho de Castelo Branco ganhou 401 habitantes entre 2001 e 2011. Num universo populacional de cerca de 56 mil albicastrenses, é, todavia, um crescimento muito reduzido (0,7%). Mais significativo é que nas outras duas cidades mais populosas do distrito (Covilhã e Fundão) a mesma tendência não se verificou: as duas perderam, no total, quase 5000 habitantes (perda de 5% da população na Covilhã e de 7,2% no Fundão).
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Em cinco concelhos houve quedas populacionais superiores a 13% (em apenas uma década). Proença-a-Nova perdeu 13,5% da população. Vila Velha de Ródão perdeu 14,1%. Oleiros, 14,3%. Penamacor, 14,7%. A maior queda de população (em percentagem) ocorreu em Idanha-a-Nova: 16,7%. Não é a migração, mas sobretudo um saldo natural (1) muito negativo que explica a sangria populacional. Em Idanha-a-Nova, por exemplo, apenas 2% da perda de população resultou da saída de habitantes (para outros concelhos do país ou para o estrangeiro); a diferença entre óbitos e nascimentos explica 98% da queda populacional verificada no concelho. O número de óbitos mais do que quadriplicou o de nascimentos.
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(a nível nacional, no mesmo período houve mais nascimentos do que óbitos e o saldo migratório (2) foi também positivo)
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Mais grave é que o Índice de Envelhecimento no distrito aumentou muito significativamente - e aumentou em todos os concelhos. Em todos, o número de crianças e de jovens (até aos 14 anos) desceu na última década. Por seu turno, o número de idosos subiu na grande maioria dos concelhos (únicas exceções: Proença-a-Nova, Idanha, Penamacor e Ródão, concelhos em que a sangria populacional atingiu também as faixas etárias mais elevadas: já eram concelhos com populações envelhecidas).
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O caso mais grave é agora o de Penamacor, que passou a deter o título de concelho com o maior Índice de Envelhecimento de todo o país: um índice de 598 (3). Este número significa que por cada 100 crianças e jovens há cerca de 600 idosos (há apenas uma década, essa relação era de 100 para 420; há duas décadas, era de 100 para 268).
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(foi semelhante a essa proporção a relação entre óbitos e nascimentos: em média, no concelho de Penamacor, entre 2001 e 2011 nasceu uma criança em cada 15 dias; em cada 15 dias morreram seis pessoas. Um nascimento para seis funerais)
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Alarmantes são também os índices de envelhecimento de Proença-a-Nova (344 idosos por cada 100 jovens), de Vila de Rei (377), de Idanha-a-Nova (493), de Oleiros e de Vila Velha de Ródão. Este último concelho tinha, em 2001, o pior Índice de Envelhecimento do distrito (523); em 2011, o índice cresceu para 583. Há uma década, Oleiros tinha 365 idosos por cada 100 jovens; em apenas 10 anos, o Índice de Envelhecimento subiu para 574.
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O Índice de Envelhecimento menos mau é o da capital de distrito: 188 idosos por cada 100 jovens (o índice era de 168 em 2001; Covilhã tinha 140, hoje tem 192). Em todo o distrito, havia, há uma década, 194 idosos por cada 100 jovens; em 2011, eram já 239 idosos por cada 100 jovens (4).
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(a nível nacional, o Índice de Envelhecimento da população também subiu; mas é muito inferior: em Portugal, há 128 idosos por cada 100 jovens)
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A população em idade ativa (isto é, na grande faixa etária entre ao 15 e os 64 anos) voltou a diminuir no distrito de Castelo Branco. Em quatro concelhos (Idanha, Penamacor, Ródão e Vila de Rei), os habitantes em idade ativa são menos de metade da totalidade da população. O Índice de Sustentabilidade no distrito (relação entre a população em idade ativa e a população idosa) continua a agravar-se.  
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(1) Saldo Natural = diferença entre nascimentos e óbitos. É negativo quando há mais óbitos do que nascimentos. A contabilização dos nascimentos é feita com referência à morada de residência da mãe, e não com base no local de nascimento da criança: por exemplo, se a mãe residir em Oleiros e for dar à luz num hospital ou maternidade de Castelo Branco, o nascimento é contabilizado como tendo ocorrido em Oleiros.     
 
(2) Saldo migratório = diferença entre a imigração e a emigração, ou seja, entre os habitantes que entram e os que saem.
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(3) No relatório preliminar dos Censos de 2011, feito com base nos resultados provisórios do censo, o INE fez referência a um Índice de Envelhecimento de 599,5 relativamente a Penamacor. Mas os resultados definitivos acabaram por revelar um número de idosos ligeiramente inferior àquele que fora inicialmente divulgado.   
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(4) O Jornal do Fundão noticia esta semana que, no encerramento de um seminário no Fundão, o diretor do Centro Distrital de Segurança Social afirmou ter havido uma subida do Índice de Envelhecimento no distrito de 129 para 220 entre 2001 e 2011. Mas esses dados são manifestamente incorretos, como se constata analisando os números publicados pelo Instituto Nacional de Estatística: em 2001, havia, no distrito de Castelo Branco, 26 935 jovens até aos 14 anos e 52 169 idosos (Índice de Envelhecimento de 194); em 2011, o número de jovens desceu para 22 783 e o de idosos subiu para 54 520 (índice de 239).
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1 comentário:

  1. Idanha é modelo de empenho sustentável para gerar vida nova nesta região.
    Apesar de tudo, a criação de locais atrativos está a dinamizar está região.
    O Acanac é uma cidade de juventude que se tornou imagem de marca dos jovens escuteiros e aventureiros de Portugal.
    Bem haja a quem sabe fazer um futuro de menos isolamento geográfico e das relações humanas mais solidárias.

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